Dando seguimento às discussões apresentadas no primeiro volume da série, voltado a obras de infraestrutura em sentido mais ampliado, este livro estreita o foco para o chamado setor elétrico, examinando as imbricações entre a produção e a distribuição de energia elétrica, de um lado, e os povos indígenas, de outro. No período mais diretamente focalizado na série, foi central a discussão em torno da usina hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, na bacia do Xingu (que se estende pelos estados do Pará e de Mato Grosso), dando a ver os
danos de toda ordem por ela causados, largamente discutidos na mídia e nas ciências sociais. Esse intervalo foi marcado também pelo espectro da construção de dezenas de UHEs e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na bacia do Tapajós — que se estende pelos estados do Pará, de Mato Grosso e do Amazonas —, incluindo o conjunto de sete UHEs que se convencionou chamar Complexo Hidrelétrico do Tapajós. Ao tempo que se observa um notável avanço da fronteira hidrelétrica sobre a Amazônia, é importante notar que projetos de UHEs e PCHs, assim como de outras formas de geração de energia, inclusive nuclear, têm se alastrado também pelas demais regiões do país, afetando povos indígenas em diversos contextos.
A coleção conta com mais dois volumes: Infraestrutura para produção de commodities e povos etnicamente diferenciados, que aborda os efeitos sociais e danos socioambientais das estratégias de gestão e implementação de formas de exploração neoextrativistas, e Agronegócio e desconstrução de direitos territoriais de povos etnicamente diferenciados, que enfatiza a ação política do agronegócio e os efeitos sociais das formas contemporâneas de exploração agrária. A série dialoga com os demais livros produzidos pelo mesmo esforço de pesquisa que os propiciou, em especial com Reinvenção do garimpo, de André Cabette Fábio (2022), também disponível de forma gratuita para download.