A obra Ser "bom professor": as contribuições da Didática na formação inicial docente foi fundamentada na teoria bourdiesiana e nos pressupostos de formação de professores de Didática como campo de conhecimento, articulada às compreensões de ensino e de bom professor. Nesse contexto de questionamentos das contribuições da Didática às formações do "bom professor", como profissional, devem estar de acordo com as transformações sociais, culturais e educacionais. A didática em prol do "bom professor" reforça a crítica em suas dimensões técnica, humana e político-social à proposta pedagógica dominada pelos princípios da racionalidade técnica e burocrática baseada na concepção de conhecimento objetivo que separa o conhecimento científico e do senso comum. No que se refere à didática no âmbito da racionalidade emancipatória, suas bases epistemológicas estão alicerçadas na criatividade, na criticidade, na ética e na estética. É ampliada pelo diálogo entre o professor, o conhecimento e o estudante. Ficou evidente que a relação humana, pedagógica e profissional não separa a razão e os sentimentos, isto é, o cognitivo, o afetivo e, necessariamente, as dimensões interdependentes, a técnica e a político-social.
Ilma. Passos Alencastro Veiga
Enquanto alunos, quem nunca escutou um colega dizendo: "Aquele professor é 'muito bom', ele tem didática". E foi nesse ambiente que muitos de nós fomos educados, fomos formados, relacionando o "ter didática" com o "ser bom professor". A leitura da obra remeteu-me exatamente a essas lembranças, não só da minha formação inicial docente, mas também do tempo em que era aluna na educação básica, ou no antigo curso de magistério, em que tínhamos a crença de que, para ser bom professor, era preciso "saber ensinar", e automaticamente acabávamos rotulando nossos professores com "bons", ou não, a partir da didática que utilizavam em sala de aula. Não que as duas coisas não caminhem juntas, mas, hoje, após uma caminhada de mais de 20 anos como professora, vivo, percebo e acredito, assim como o grande educador Paulo Freire, que "Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender" (FREIRE, 2016, p. 25). É preciso haver comunhão, comprometimento e contribuição de ambos os lados nesse processo.