Após o acidente de Chernobyl, o processo de descontaminação foi iniciado por soldados apelidados de bio-robôs. Soldados enviados para morrer. Soldados que iam onde nem as máquinas poderiam ir. A radiação parava câmeras fotográficas, de vídeo, robôs e até mesmo helicópteros.
Um repórter perguntou a um bio-robô se ele sabia que ia morrer, ao que ele respondeu: "sim, a minha vida só tem valor se terminar assim".
A Ucrânia era parte da União Soviética e a maioria dos bio-robôs era membro do Exército Vermelho.
É nesse ambiente que se passa Sem importância coletiva, novo livro da carioca Daniela Lima. A escritora já havia publicado Anatomia (Ed. Multifoco, 2012) e foi a única brasileira a ter seus textos selecionados pela prestigiosa antologia da The Buenos Aires Review (2014).
Ricardo Lísias, autor da apresentação do livro, afirma: "Como tudo é muito concentrado, o leitor não tem muito tempo para respirar. É melhor encher o pulmão antes de mergulhar em Sem importância coletiva".
Partindo de cartas de superfície, esquemas das nuvens de contaminação, mapas geológicos do local do acidente e diagramas de arquivos científicos, o artista gráfico Fabiano Gummo interferiu nesse rico material para dar forma gráfica ao desastre, criando 6 ilustrações exclusivas para o livro.