Ouve? -empostou a voz e perguntou: - está ouvindo direitinho ? Então, guarda isto, esta é a minha verdadeira voz, assim eu sempre desejei falar...mas não podia,não devia,tinha que falar em falsete,como uma atriz idiota de filmes antigos. Lembra da estória dos passarinhos?Eu não só admirava os meninos, todos com idades aproximadas a minha, eu os invejava, desejava, queria participar Daquele bando que descalços, despenteados e até sujos,corriam festivamente atrás de um inofensivo pardalzinho, e eu, eu também queria sentir o gosto de abater um inofensivo passarinho em pleno ar....Depois... E depois, como faziam eles, dependurá-los no cós de minha calça e satisfeito, cheinho de orgulho, exibi-los como troféu de um grande feito para os menos habilidosos...Mas, este direito eu não tive, me foi roubado, violentamente roubado...ninguém me acudiu... Pouco mais de oito minutos e Ana Paula,vestindo o conjunto marrom, estava defronte a casa de dona Cristina. Cuidadosa olhou para os lados, certificou-se que não havia ninguém na rua e escalou o portão. Em seguida pulou para dentro, caminhou no sentido do pequeno e bem cuidado jardim, evitou qualquer barulho. Estudou com cuidado o local e descobriu um lugar onde pudesse ficar. Avistou a torneira, aproximou-se e retirou a mangueira acoplada na boca da mesma. Após, distorceu ao último a pequena alavanca que fecha ou abre, deixou no máximo o que fez com que o barulho da água chamasse a atenção. Assim que terminou correu para o local estratégico,onde ficaria protegida e não seria vista, ainda riu satisfeita e disse para si mesma: