Diz o poeta que amar e mudar as coisas interessa mais. Nasce daí a pergunta: até que ponto pode o amor mudar a realidade no seu entorno e para além dele? As possíveis respostas estão no novo livro de Marco Severo, Se eu te amasse, estas são as coisas que eu te diria.
Em seu terceiro livro de contos, Severo aproxima-se do amor. Não o amor piegas, repleto de um sentimentalismo que mais causa rejeição do que atração. Embora todas as quatorze histórias do seu livro estejam de forma inegável alinhadas ao sentimento cantado em sua forma mais expressiva em língua portuguesa por Camões, os caminhos que o autor decidiu fazer seus personagens atravessarem não são desconhecidos para aqueles que já leram Marco Severo: escolhas impossíveis, amores que perduram de maneira clandestina apesar dos amores oficiais, decisões que acarretam em reminiscências nostálgicas, o amor que aceita a perda; o amor que, podendo ter sido dado, nunca foi. Em suas histórias, narrativas ora contadas de forma lírica, ora de forma mais dura e realista. O que se faz presente em essência é a nossa (des)humanidade, tantas vezes colocada à prova quando confrontadas com aquilo ou aquele a que se ama – ou que se pensa que ama ou deveria, poderia amar.
Mas basta ler a epígrafe do livro para perceber este também é um livro solar. Tantas são as possibilidades de amor quantas são as vivências humanas, e Marco Severo nos faz vivenciar cada uma delas.