A presente obra teve o objetivo de analisar a produção do adoecimento mental entre servidores públicos municipais usuários de um serviço de atenção à saúde do trabalhador, em um município da região oeste de Santa Catarina. Neste sentido, a medicalização apareceu como um dos principais dispositivos utilizados para o tratamento das doenças mentais e comportamentais decorrentes do trabalho. Outro dispositivo elencado foi a culpabilização do trabalhador por seu processo de adoecimento. Parece ser mais fácil medicalizar do que modificar as condições e a organização do trabalho que atuam para acentuar o sofrimento, transformando-o em adoecimento. Assim, quando chegam ao serviço de atenção à saúde municipal, os servidores públicos já têm seu diagnóstico selado e uma nova identidade caracterizada pela doença. Ocupar o papel do doente os permite ficar à margem do tecido social enquanto o medicamento lhes oportuniza condições de trabalho. Mesmo com todas as estratégias não medicamentosas oferecidas ao trabalhador pela rede de atenção, o modelo medicalizante opera hegemonicamente na vida e nos modos de trabalho contemporâneos.