O desencantamento é, talvez, a maior marca da humanidade na pós-modernidade. Vivemos rodeados de angústias, incertezas, rupturas, crises. Enfim, somos vulneráveis, frágeis e estamos perplexos diante dos rumos da nossa existência material. Diante deste cenário quase catastrófico, buscamos muitas vezes o sagrado para acalentar. Prova disso é a obra aqui apresentada, que buscou analisar a construção de um imaginário popular e religioso em torno de uma santa não oficial – Maria Elizabeth de Oliveira – morta, tragicamente, vítima de um atropelamento, nas vésperas de completar 15 anos de idade na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, no ano de 1965. O que nos leva a buscar o sagrado? Construir a santidade de uma menina? Quem é responsável pela construção, manutenção, reprodução e cristalização da devoção? Quem são os devotos? O que almejam? Quais são os ritos, símbolos e espaços de memória que atravessam décadas e se fortalecem cada vez mais? Essas e outras tantas questões estão postas ao longo da obra, que é fruto de uma experiência real da própria autora, que, marcada pela história de vida, buscou através da experiência acadêmica levantar hipóteses e problemáticas sobre a relação entre sagrado e profano, real e imaginário, material e espiritual. Enfim, é a história vivida transformando-se em história contada.