Uma aventura épica que alia exotismo a reconstrução histórica, sensualidade a violência, universo mítico a paixões impossíveis. Ambientada na Cartago do século III a.C., durante a primeira Guerra Púnica, Salammbô foi escrita por um dos maiores nomes das letras francesas, Gustave Flaubert (1821-1880). Às vésperas do bicentenário do autor, esta que foi uma de suas principais obras ganha nova tradução pela CARAMBAIA.
A história começa durante um banquete, nos jardins da casa do líder militar cartaginês general Amílcar Barca, para comemorar o aniversário da batalha de Monte Érice, na Sicília, que opôs os exércitos arregimentados por Amílcar contra os romanos, durante a primeira das guerras púnicas (264-241 a.C.). É ali, durante o festim, que o mercenário líbio Mâthos avista Salammbô, filha do general e sacerdotisa de Tanit, a deusa da Lua e protetora de Cartago. Essa aparição sensual de Salammbô não sairá da memória do soldado, que no entanto será um dos principais líderes da revolta dos mercenários contra Amílcar, depois que este reconhece não ter recursos para pagar o soldo devido aos estrangeiros que estiveram sob suas ordens lutando contra os romanos.
Obcecado pela ideia de voltar a encontrá-la, decide roubar um véu sagrado dos aposentos de Salammbô na companhia do escravo liberto Espêndio, seu braço direito. Mais tarde, o sumo sacerdote de Cartago ordena que Salammbô vá resgatar o véu. Dessa forma, a disputa pela posse do objeto sagrado e pelo coração de sua dona (prometida pelo pai ao vilão, o rei númida Narr'Havas) se misturam aos embates em campo de batalha até um final digno de todas as peripécias que o precederam.
Salammbô foi o romance que Flaubert escreveu imediatamente depois do abalo estético e moral provocado por Madame Bovary (1856). Do retrato realista de uma mulher insatisfeita na província francesa no século XIX, o escritor saltou para essa aventura épica, ambientada no norte da África no século III a.C.
O "romance cartaginês", como ele o chamava, foi uma de suas principais empreitadas literárias. Para escrevê-lo, o Flaubert dedicou cinco anos de sua vida, municiou-se de documentos, fez longas viagens para o Oriente Médio e leu mais de 200 obras, sobretudo estudos clássicos de historiadores como Políbio, Plínio ou Plutarco. Tudo para reconstruir minuciosamente a antiga Cartago, inserindo no enredo personagens e episódios fictícios.
A nova tradução desse épico ficou a cargo de Ivone Benedetti, e a edição conta com um posfácio inédito de Samuel Titan Jr., professor de literatura da Universidade de São Paulo, tradutor e especialista na obra de Flaubert.