O tema do sertão e da identidade sertaneja traz, à tona, diversas discussões feitas por historiadores e literatos que viram a importância de se analisar o sentido e o percurso histórico desta temática. Sendo alvo de abordagens desde o século XIX, o sertão não se constitui apenas em uma expressão utilizada por esses estudiosos, mas em um mito que se desenvolveu durante séculos, começando pela colonização dos portugueses no Brasil, crescendo literariamente e historicamente entre escritores e poetas populares. Patativa do Assaré e Euclides da Cunha são representantes do "mérito" nacional existente neste mito, constituído numa imagem ambivalente e paradoxal, como lugar do desconhecido e do estranhamento, e que se configura de forma idealizada no modelo de identidade nacional. O principal objetivo deste livro é analisar a visão e a percepção literária dos dois autores sobre a temática do sertão e da identidade sertaneja, configurando-se pela performance individual de cada um e pelas relações e interconexões existentes em suas cosmovisões, também o seu universo simbólico específico, numa ótica impregnada da leitura e apropriação que esses autores fazem ao expressar uma subjetividade na coletividade no âmbito da cultura brasileira.