Este livro conta um pouco da história de uma mulher negra, com a sua luta, as suas oportunidades, os seus amores, a sua atividade política e as suas dores, que culminaram em angústia e depressão, que ela chama de "prisões".
No decorrer da obra, a autora vai revirando os seus baús de memória e questionando os porquês da construção dessas prisões, refletindo sobre como o racismo, o preconceito e a solidão das mulheres negras contribuem para dificultar a sua busca por um lugar nas estruturas sociais das décadas passadas; além disso, a autora explora como essas mulheres foram sacrificadas pelos seus próprios pares, sendo muitas vezes forçadas a um papel secundário, principalmente em relação a lugares de fala e de poder.
No entanto, na sua busca por não se deixar abater, por abrir os cadeados encontrando chaves, na atualidade e na visibilidade da luta da nova geração de mulheres que estão conquistando seus espaços e sua felicidade é um dos nortes comparativos apresentados no livro.
Na verdade, este não é um momento de análise da história de uma mulher negra, pobre e batalhadora, mas a representação da realidade de muitas mulheres pretas, frequentemente submetidas à invisibilidade, enquanto procuram não se deixar abater e viver dentro de uma realidade dura, buscando motivos para reinventar o amor e a vida, criar filhos, estudar, trabalhar e vencer cada batalha, um dia de cada vez.