Os poemas de rio pequeno, quarto livro do poeta e tradutor floresta, compõem uma espécie de romance de formação, passeando por temas, lugares e questões constitutivas: a casa da infância, a família, os amores, o tempo, as descobertas e redescobertas do corpo e do erotismo.
O título do livro se refere ao distrito Rio Pequeno, zona oeste da cidade de São Paulo. Região historicamente banhada por águas, hoje tem muito de seus córregos concretados ou transformados em esgotos a céu aberto. Ação que cobra seu preço na época das chuvas, provocando enchentes.
Assim, entre a imagem da água como nascimento e da água como transbordamento, floresta – uma caneta bic em mãos – controla a força das
águas e, ao mesmo tempo, rompe seus diques. Nas páginas de rio pequeno, as formas poéticas ganham força e se metamorfoseiam. Resistem à constância da violência histórico-social e, sobretudo, põem em prática modos de vida que desarticulam processos hegemônicos de representação e opressão.
Pelo poder das águas, o neto se transforma na avó alagoana e o lugar de origem se converte na figura de um tempo circular e afrodiaspórico. Pelo poder das águas, o pequeno se transforma em grande e o poema e o amor se convertem em práticas politicamente revolucionárias.