Uma das formas de violência de gênero ocorre por meio da interação nas redes virtuais, além do compartilhamento das imagens e vídeos frente às situações que configuram a chamada revenge pornography, bem como outras violações de imagem e privacidade, cujo fator anonimato contribui para a dispersão. A exposição e a objetificação da mulher decorrem da valoração assimétrica atribuída ao que se entende como papéis de gênero.
Seriam, então, os casos de revenge pornography, enquanto manifestação do patriarcalismo no espaço virtual, violências de gênero? A conduta deveria ser criminalizada? Como fazer essa aplicação e controle? A lei penal ainda é um meio de proteção e o direito penal, um campo de exercício de poder que precisa ser ocupado.
Sendo assim, essa violência específica idealmente não existiria ou seria, ao menos, atenuada, se as normas socialmente construídas não fixassem um lugar para a sexualidade das mulheres, associado às ideias de recato e falta de direito ao prazer - e que entendem o corpo feminino como objeto/produto a ser consumido?
Tema plural, complexo e de todos nós -, o livro aborda pontos fulcrais que denotam a construção cultural da sociedade, além de como o patriarcalismo foi naturalizado. Juntamente, observa-se a maneira com que o espaço virtual possibilita que os sujeitos tenham comportamentos julgados inaceitáveis quando num espaço físico, considerando conceitos como cibercultura, ciberfeminismo, construção de identidades e privacidade.