O primeiro romance de Machado de Assis.
Há estreias que já trazem, na ponta dos dedos, o presságio de uma grande obra. Ressurreição, publicado em 1872, é a primeira incursão de Machado de Assis no romance, e mesmo antes de seus clássicos imortais, já revela o engenho delicado e irônico que o consagraria.
Nesta história enxuta e refinada, acompanhamos Félix, um médico melindroso, cuja paixão por Lívia — uma jovem viúva de espírito livre — oscila entre o êxtase e a suspeita. O amor entre eles é um campo minado de dúvidas, gestos ambíguos e silêncios que falam mais do que as palavras. Cada sorriso pode ser um abismo; cada ausência, uma traição imaginada.
Com leveza e profundidade, Machado esboça aqui os contornos de suas futuras obsessões: o jogo das aparências, a fragilidade das certezas e os labirintos da alma humana. Ressurreição é, ao mesmo tempo, um retrato elegante da sociedade do século XIX e um estudo atemporal das paixões que nos erguem — e nos destroem.