A publicação deste livro é um marco na crítica ao tratamento inaceitável que os povos indígenas vêm recebendo do Estado brasileiro ao longo da história. Tendo como referência as atrocidades relatadas no Relatório Figueiredo, os textos aqui reunidos dão uma ideia clara da amplitude dos atos de desrespeito a que esta população tem sido submetida: massacres e ações de extermínio; deslocamentos forçados e usurpação de seus territórios; abusos sexuais às mulheres; e imposição de práticas assimilacionistas, procurando impedir sua reprodução cultural. Caracterizemo-las como genocídio ou etnocídio, tais práticas constituem fortes exemplos de desumanização. Deste modo, o livro sugere uma reflexão importante sobre o contraste entre a romantização dos povos indígenas, via o mito das três raças formadoras da nacionalidade, e o total desrespeito aos mesmos quando se permite tratá-los como povos sem mérito ou valor, podendo ser dizimados sem gerar qualquer sentimento de culpa nos agressores.