O livro Relações étnico-raciais na Creche Ubuntu dá visibilidade a aspectos das relações étnico-raciais que atravessam a creche. Toma por base que o cuidado e a educação dos bebês e das crianças, incluindo as relações étnico-raciais, são um princípio constitucional. O educar e o cuidar envolvem o direito à vida saudável e à construção de relações positivas e afirmativas da pessoa humana consigo mesma e com os outros desde o início da vida. O texto analisa práticas de cuidado e educação de bebês e crianças bem pequenas (0 a 3 anos) a partir de uma pesquisa-intervenção realizada em uma creche, por dois anos. Apresenta as narrativas de professoras e demais funcionários da unidade em diálogo com pesquisadoras/professoras negras e brancas sobre a pedagogia étnico-racial presente no espaço físico e nas relações humanas que envolvem a educação de bebês e crianças tão pequenas. Discute os modos de convivência existentes entre negros e brancos no Brasil, nem sempre respeitosos, que são construídos em ambientes ditos educativos desde o início da vida. O livro problematiza a presença do que Sansone (1996) chamou de áreas moles e áreas duras nos relacionamentos étnico-raciais presentes em nossa sociedade, pondo em diálogo as noções de Pedagogia das Ausências, Pedagogia das Emergências (GOMES, 2011) e Descolonização do Poder (QUIJANO, 2010) no âmbito das creches. Agradecemos, com entusiasmo, a creche onde o trabalho de campo foi realizado, por ter sido sensível à discussão por nós proposta e por entender que esse tema afeta a realidade da vida de todos nós. Ações realizadas na perspectiva de incluir a temática da igualdade étnico-racial serão aqui apresentadas e nelas a importância da estética negra (pele, cabelo, vestuário) para a construção do autoconceito positivo, da autoestima da criança negra e de relações mais respeitosas entre crianças e adultos, sejam eles professores ou familiares, negros ou brancos.