A autora faz uma defesa convincente do instrumento das convenções coletivas transnacionais, já presentes, mas infrequentes, na realidade do Mercosul. Eles seriam mecanismo eficaz para empoderar a classe trabalhadora na construção de relações laborais mais justas e funcionais. Uma nota biográfica sobre algo que as palavras deste livro não transparecem. O trabalho de pesquisa que culmina com esta obra tem uma interessante propriedade reflexiva: é uma análise dos impactos de eventos globais como a pandemia sobre o labor transfronteiriço; ao mesmo tempo, é, ele próprio, produto de um labor transfronteiriço impactado pela pandemia.
Não se trata de mera curiosidade inócua. Mais do que simplesmente observar seu objeto de estudo, a autora o vivenciou e enfrentou os mesmos desafios que empreendeu investigar. O resultado é uma obra, ao mesmo tempo, rigorosa e inspirada, que traz em si as marcas de uma pesquisa acadêmica engajada em seu mundo, e não mero produto de curiosidade intelectual. É, ela mesma, testemunho e símbolo do trabalho globalizado na era das grandes catástrofes globais.