Vive-se hoje um clima de eleição, momento decisivo para o futuro do país, e o cenário mais angustiante é a nossa preocupação com a segurança, enfatizada por agentes provocadores de intimidação dos brasileiros. Vivemos apavorados e dentro do nosso pânico, não vemos nenhuma perspectiva positiva. E ações extremas passam a ser única opção. Vivemos manipulados, não só pelos fatos, mas principalmente pelo noticiário, que potencializa os temores de cada um. E num momento em que as paixões afloram no povo, como se a disputa eleitoral tivesse torcedores, como um campeonato, o país é incendiado, a discórdia é semeada, a insegurança é generalizada. Lembro então de 1960, época em que o medo do comunismo era apregoado aos quatro cantos, João Goulart era um corrupto insaciável e Juscelino Kubitscheck, que morreu pobre, teria ficado milionário com a construção de Brasília. Foi eleito Jânio Quadros que do alto da sua "descompensação", quis dar um golpe, não conseguiu, renunciou, e jogou o Brasil nos braços da ditadura por 20 longos anos. O que aconteceu depois vive nas memórias e são feridas que nunca param de sangrar. Na véspera das eleições entregamos aos leitores uma edição recheada de mulheres. Poetas de todas as gerações, desde Conceição Evaristo, homenageada da FLICA 2018, que aqui é retratada, até a mais jovem poesia da Bahia representada pela Confraria Poética Feminina que explode 18 vozes nesta edição. Ainda temos Alba Liberato, Nilda Pereira, Graça Sena, Cris Barbosa, Patrícia Mendes, Lívia Natália, Lita Passos, Runa, Juliana Sampaio, Carla Cunha e Reinadi Sampaio, Lea S.S., e também Wesley Barbosa, Cyro Mascarenhas e Luciano Passos que poemiza Benjamim Moloise, poeta negro executado em Pretoria, África do Sul, durante o Apartheid. O mês de novembro, que sempre lembra o dia da Consciência Negra, traz para conhecimento ou lembrança a figura de Angelique Namaika, (capa), uma freira congolesa, que há 10 anos trabalha no nordeste da República Democrática do Congo, ajudando mulheres vítimas do conflito congolês e, mais especificamente, da violência de gênero. O livro de poemas "Eu sou Melancolia, Sensualidade e Timidez" de Deise Oliveira e Contos às Marias de Daianna Quelle são comentados e também são resenhados e recomendados seis livros de poemas das autoras da Confraria Poética Feminina. A prosa fica por conta de Ygor Coelho, Leo Moura, Hermes Peixoto, Eugênia Maria Ferreira Dias, Juliana Sampaio, Reinadi Sampaio e Carla Cunha. O canto da Palavra de Adriana Calcanhoto é só romance, a continuação das historias da Praça Senador Temístocles é contada por Renato Passos. As Telas resplandecentes da Artista Plástica, Consuelo Arantes, mineira e, um ensaio sobre "a escrita poética e a teoria física da matéria" de Flávio Lourenço Lima Peixoto, fecham edição. Vale a pena ler Reflexos, enquanto podemos.