Reflexões críticas sobre pesquisa, educação e trabalho compõe-se de seis textos que têm por referência a Teoria Crítica da Sociedade e que ensejam questionar os temas que fazem parte de estudos da psicologia atual, sem deixar de explicitar a relação frente aos problemas da sociedade. Com temas argumentados por diferentes autores, e cada um ao seu modo, a preocupação recorrente dos estudos alinha-se em denunciar as contradições existentes na sociedade. Ao mesmo tempo, há o interesse em conduzir estudos de Psicologia a se diferenciarem, no sentido de pensar a possibilidade de romper a adaptação dos indivíduos ao mundo existente. Para tanto, torna-se necessário o imperativo categórico kantiano para iluminar as reflexões acerca de saberes institucionalizados, em qualquer área de conhecimento, que obscureça o pensamento. No sentido de romper com a impotência das reflexões, mas sem abrir mão de saber que o mundo pode e deve ser diferente do que está posto, é que foram pensadas as questões configuradas nos textos deste livro. Estes objetivam denunciar o quanto os seres humanos encontram-se subjugados às condições sociais opressoras; o quanto o processo de formação está atrelado a uma racionalidade instrumentalizada com finalidade de manutenção e reprodução da sociedade existente; e as justificadas propostas gerenciais das relações de trabalho que não denunciam a violência subjacente a elas. O interesse desta obra fundamenta-se, justamente, nisto: em formular críticas para a resistência, no sentido de negar a racionalidade que tem conduzido as pessoas ao conformismo e à pseudofelicidade imposta pela lógica da irracionalidade do mercado atrelada à vida do aqui e agora. Assim, acabam por dispensar o pensamento reflexivo pelo abandono da problematização do estabelecido e pela negação das experiências de tempo que tecem suas vidas ao serem transformadas em vivências. E, dessa forma, deixa-se de pôr em questão a possibilidade de emancipação e da felicidade do indivíduo. Reitera-se a importância dos estudos da Teoria Crítica da Sociedade ao desvelarem os descaminhos das ciências humanas que, contraditoriamente, deixaram-se iluminar pela lógica da moderna racionalidade (irracionalidade) econômica e esvaziaram do pensamento a reflexão ético-política e seu significado para a transformação da sociedade.