A arte é o instrumento da liberdade humana na reconstrução de diferentes mundos possíveis: em suma, a realidade da vida diante de todos os seus caminhos e atalhos. Entendida sob tal viés, esta obra analisa e apresenta o trabalho artístico de J. Sousa (Jurandir Sousa), que busca a captura de imagens de um tempo sempre em movimento, mas com uma mesma constante: a variedade (e desigualdade) do ser humano. Da criança ao idoso, está presente um mesmo traço de união, a saber, gravuras que se revelam como verdadeiras crônicas em traços e cores, crônicas transmutadas em imagem, ilustração. Cada gravura desse artista, independentemente da técnica ou do material utilizado, corresponde a um verdadeiro microcosmo, que, visto em conjunto, espraia e revela a vida em ambientes internos e externos, formando um mosaico que capta a atenção do espectador, interroga-o em sua modéstia aparente – mas profunda em sua reflexão – e deixa a pergunta que norteia os grandes dilemas da humanidade: afinal, o mundo poderia ser de algum modo diferente do que realmente é? Ou, finalmente: quando enfim a arte poderá conduzir a humanidade às aspirações de liberdade, igualdade, e fraternidade, tremulando ainda hoje acima de ricos e pobres, bem como sobre os mecanismos que insistem em separá-los? A arte aparentemente despretensiosa de J. Sousa é a sua forma tanto de buscar respostas quanto de respondê-las.