Média móvel, Day Trade, trava de alta, derivativos, Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization (Ebitda), dividendos, análise técnica, análise fundamentalista... Muitos são os termos e áreas de estudos dentro do mercado de investimentos. Contudo, uma coisa sempre me chamou a atenção desde 2005, quando eu realizei minha primeira operação na renda variável. Eu observava que as pessoas se hipnotizavam com o mercado e com as possibilidades de ganho "fácil" e negligenciavam um aspecto fundamental em investimentos, o lado emocional e psicológico. Quando eu comecei a cursar a graduação em Ciências Econômicas, fiquei ainda mais intrigado ao saber que toda uma corrente teórica, muito importante em economia, assumia que o ser humano era perfeitamente racional e sempre tomava a melhor decisão econômica. Isso foi uma surpresa para mim, pois não era o que eu observava na prática. Ainda bem que logo eu entrei em contato com diversas outras vertentes que questionavam esse posicionamento e me interessei muito pelo assunto. Nesses anos todos, desde 2005, eu errei muito, estudei muito e aprendi um pouco, mas uma coisa eu ainda continuo vendo nos investidores iniciantes e até em alguns experientes: o desprezo com o próprio autoconhecimento e inteligência emocional. Para ilustrar esse pensamento, conto aqui uma história. Certa vez, conheci um senhor aposentado que vendeu todas as suas posses (uma casa e uma chácara) para aplicar tudo em Day Trade, pois estava encantado com a análise técnica. Pouco tempo depois, fiquei sabendo que o senhor teve uma perda enorme do seu patrimônio. Esse exemplo demonstra que muitas vezes você pode fazer cursos de análise fundamentalista e análise técnica, mas se você não estiver atento para o processo decisório e para a inteligência emocional, seus investimentos correm sérios riscos. Provavelmente, o senhor até possuía um nível inicial de conhecimento. Contudo, ao aplicar 100% de seu patrimônio, de toda uma vida, construído com muito trabalho e esforço, ele ficou emocionalmente envolvido, retirando o caráter racional e frio da estratégia, que é tão necessário, sobretudo, na renda variável (que como o próprio nome diz, irá variar, para cima e para baixo, e não só subir, como muitos pensam). Assim, envolver-se emocionalmente nas decisões de investimento é uma tendência natural e vem sendo comprovado por estudos científicos. Caso você não fique atento para essa questão, irá se expor a sérios riscos, comprometendo o sucesso de seus investimentos no longo prazo. Nesse sentido, foi que me encantei pela filosofia estoica, que é apontada por muitos como uma filosofia de ordem prática, ou seja, propõe instrumentos que não somente gerarão reflexão abstrata, mas que têm o potencial de contribuir efetivamente no seu dia a dia por meio de técnicas de pensamento que podem ser adotadas. Logo, o propósito deste livro é levantar apenas alguns elementos dessa temática tão importante, cheia de nuances e particularidades. Caso consiga aguçar a curiosidade do meu querido leitor a estudar mais os aspectos emocionais na tomada de decisão, bem como aprofundar-se na filosofia estoica, esta obra terá cumprido seu papel. O livro está divido em duas partes: na primeira serão apresentadas as ideias do homem racional em contraponto com a psicologia econômica e as finanças comportamentais, cujo objetivo será demovê-lo da ideia natural de supor que somos super-racionais; já na segunda parte serão apresentadas algumas importantes reflexões dos filósofos estoicos, que podem auxiliá-lo de modo prático no seu processo de decisão em investimentos e na sua vida.