O texto escrito é um dos grandes marcadores do conhecimento humano. Ao ser estabelecido, consolida-se como versão da história capaz de atravessar os séculos e se firmar como verdade absoluta, ou quase. Até que outros indícios, descobertas e métodos de pesquisa e análise sejam reunidos para contestá-lo. Contestar, nesse caso, significa aprofundar a análise, o debate e a reunião de argumentos capazes de fazer balançar as bases daquele arcabouço. Quando Gregory Nagy se debruça sobre os textos clássicos atribuídos a Homero, é isso o que ele traz: evidências, argumentos e uma interpretação nova, sólida, mas disruptiva, levando as bases da cultura clássica – A Ilíada e a Odisseia -- atribuídas ao talento de um notável historiador, Homero, para o campo do enigma: terão sido escritos por este autor ou são o resultado de décadas de transmissão oral? Um mistério que renova ainda mais o brilho e a importância, se isso é possível, a essas duas obras-primas da cultura humana.
Desde há muito os estudiosos dos textos clássicos estão envolvidos com as Questões Homéricas. Não lhes parece absolutamente claro que os dois grandes poemas gregos, a Ilíada e a Odisseia, tenham sido obras escritas por um único autor, Homero. Suspeitam que, por trás desse nome, esconde-se a influência modeladora da tradição épica durante um longo período de composição e transmissão oral. Nesta investigação, o professor Gregory Nagy aplica vários dos insights da linguística comparada e da antropologia, oferecendo ao leitor um novo modelo histórico para a compreensão de como, quando, onde e por que as duas epopeias foram coligidas e estabelecidas como textos escritos. Seu modelo de análise baseia-se na evidência comparativa fornecida por tradições épicas orais vivas, nas quais cada execução de uma canção frequentemente envolve uma recomposição da narrativa. O livro de Nagy é uma leitura essencial para todos os estudiosos e interessados nos clássicos e nas tradições orais.