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Quem desloca tem preferência

Quem desloca tem preferência

Sinopse

O esquema tático do livro foi montado em quatro blocos que, obviamente, são intercambiáveis e dialogam intensamente entre si. É uma tentativa de fazer com que o time jogue sem buracos em campo, um esquema em que o goleiro liga o jogo até o ataque, passando pela defesa e pelo meio de campo. A primeira parte, “Um jogo é um jogo é um jogo”, trata de questões do futebol brasileiro de maneira geral, perpassando por ligações entre o futebol, as letras e as artes, o futebol e o Modernismo, futebol e identidade, futebol e sua memória. Marcelino descontrói, nesse conjunto de textos, velhos preconceitos e ideias mofadas para ventilar uma nova abordagem sobre esse jogo, que se mostra, especialmente no nosso país, mais do que uma simples disputa entre duas equipes. Na segunda parte, “Jogando em casa”, a atenção se volta para a cidade de Belo Horizonte, onde a rivalidade entre o Atlético Mineiro e o Cruzeiro se torna o eixo para se discutir as diversas ideias modernizantes do Brasil, a construção identitária da capital mineira e a elaboração da memória inventada das duas torcidas. Esse último ponto pode ser apreendido através do trabalho de Mangabeira, que criou as mascotes não só dos times de Belo Horizonte, mas também de Minas Gerais. A publicação deles, principalmente no jornal Estado de Minas, ao passo que se baseou nos ideais de cada clube e sua torcida, construiu também sua própria caracterização. Essa importância dos jornais para a construção da ideia de futebol no Brasil, pois, é o foco da terceira parte, “Mesa redonda”. Nela, Marcelino exibe um panorama de como os jornais cariocas, em especial a figura ímpar de Mário Filho, ajudaram a construir a ideia de futebol no Brasil. Aqui, discute-se também a relação entre o torcedor, o jornal, a televisão, o rádio e a literatura, dinamizando os discursos que permeiam esse esporte. A última parte, “Outros campos”, deixa transparecer, ainda mais, os diversos fios que ligam o esporte a outros campos da nossa vida. O cinema, a literatura e até outros esportes, como o surf, aparecem para que se fomente a ideia de que o futebol é, também, uma construção discursiva.