O ponto de partida de "Psiquiatria da pessoa" é a noção de que a perspectiva científica que domina a visão de mundo e de ser humano na atualidade não permite compreender o que tem feito aumentar de modo alarmante o número de pessoas acometidas por transtornos mentais como ansiedade, depressão, TDAH, autismo ou adição de entorpecentes no mundo atual: a perda do verdadeiro sentido da nossa espiritualidade. Procurando a todo custo reduzir o sofrimento mental a dados experimentais objetivos sobre o funcionamento do cérebro, deixa de lado a questão do sentido da vida, ligada à nossa espiritualidade. Alternativamente, propomos uma abordagem psiquiátrica comprometida com a real natureza do ser humano, contemplada pelo conceito de pessoa – uma conjunção de corpo, alma e espírito –, de modo a incluir a experiência da espiritualidade. Apenas quando a pessoa se descobre como espírito livre passa a aceitar o seu sofrimento como parte de um processo de crescimento e autodeterminação. Aprende a não mais se ver como vítima, a lidar com o sofrimento de modo ativo, assumindo o protagonismo sobre ele. Torna-se capaz de se encontrar amorosamente com os outros, alcançando uma saúde mental mais plena. Neste livro, Roberto Mandetta propõe repensar a perspectiva filosófica e científica que orienta a psiquiatria, no intuito de incluir o espírito – o "eu sou o que sou", a primeira pessoa – na sua abordagem. Nada menos que uma radical mudança de paradigma.