As históricas desigualdades do Brasil devem ser sempre discutidas se desejamos uma nação que caminhe para superar mazelas sociais, repensando criticamente processos como independência política sem povo e abolição escrava sem direitos. Lendo a história brasileira a partir da Geografia, este texto doutoral (publicado agora como livro) discute a gênese da estruturação do território nacional relacionando rede urbana e oligarquias rurais por dois motivos principais: tais relações, aparentemente desconectadas, se mostraram reais na pesquisa às fontes primárias que originou esta tese e tal olhar busca reduzir uma lacuna percebida neste sentido nos estudos sobre a formação socioespacial brasileira.
Assim, no quadro imperial e seu ideário excludente de nação, analisamos dinâmicas territoriais na província do Rio de Janeiro mostrando que a unidade nacional pretendida extrapolava a ordem econômica rural e se estruturou a partir de núcleos urbanos, que, em redes, regulavam e controlavam produção e comércio, regiões e populações. A província fluminense e sua sociedade nobiliárquica e estratificada expõe as "ideologias geográficas" norteadoras do projeto imperial de nação que viu o Brasil menos como sociedade (negando direitos e cidadania à maioria de sua população) e mais como território (tomado como propriedade privada e fonte de poder para poucos). É a captura desse descompasso que move o presente livro.