Pouca coisa foi escrita sobre a cultura cigana. Entre eles, não havia tempo para isso. Outras atividades diárias e rotineiras exigiam dedicação exclusiva e não sobrava um canto ou uma oportunidade onde a escrita pudesse ser feita sem interrupções. Se o fosse, haveria uma complicação adicional, a de transportar esse material em um ritmo de vida nômade. Seria uma carga a mais nas carroças.Anastácia Benvinda quebrou esse paradigma quando se instalou em uma pequena cidade do interior do Brasil e, ali, teve a oportunidade de registrar tudo que havia conhecido ao longo de sua vida. Cadernos e mais cadernos de manuscritos se acumularam em uma estante improvisada que tinha em sua sala de visitas.Um dia eu a questionei: o que ela pretendia fazer com tudo aquilo?Ela respondeu:- Não sei, você tem alguma ideia?Eu tinha.