A historiadora e professora Jaqueline Vieira de Aguiar oferece, na obra Princesas Isabel e Leopoldina: mulheres educadas para governar, uma destacada contribuição à história da educação oitocentista e aos estudos culturais, por meio da releitura de cartas que expressam significativas formas de viver e contar o cotidiano. Com muita sagacidade e competência, a autora reuniu dois campos, a história e a educação, resultando num expressivo estudo de uma das marcadas preocupações das elites oitocentistas: a educação das princesas que dariam continuidade à monarquia no Brasil, uma substituindo a outra, caso fosse necessário. Para tanto, o pai, o Imperador D. Pedro II, não mediu esforços em buscar os mais recomendados mestres para as princesas Isabel e Leopoldina, com destaque para a incessante procura pela preceptora que coordenaria todos os demais professores, a Condessa de Barral. O livro de Jaqueline Vieira de Aguiar conta essa e muitas outras histórias explícitas e deduzidas na caligrafia primorosa das princesas, que em suas constantes cartas ao Imperador e à Imperatriz relatavam o seu dia a dia, suas aulas, seus aprendizados e sua formação, que ocorria cotidianamente nas salas de estudo dos paços imperiais de São Cristóvão e de Petrópolis.
Quando se fala sobre a Princesa Isabel, a primeira imagem que me vem à mente são as memórias do meu Pai, seu neto, sentado no colo da avó exilada relatando-lhe esta, com saudade, impressões e ensinamentos sobre seu amado Brasil. Em contraste me emocionou a leitura desta obra que aborda a infância e adolescência da mesma Senhora. A brilhante pesquisa da mestre em História da Educação, a Historiadora Jaqueline Vieira de Aguiar, com base em extensa bibliografia, iconografia e sobretudo correspondências familiares, analisa com precisão o árduo cotidiano em horário e conteúdo das lições de duas irmãs sobre política, artes, geografia, história, ciências, literatura e questões de Estado dentre outras.