Estou pensando no leitor. O que ele espera de um livro de poesia? Fundamentalmente, o leitor procura identificação e emoção. Nada está gritando mais alto do que as emoções positivas, para contrabalançar a crise atual chamada pandemia. Todos estamos tristes, assustados, pesarosos e carentes de afeto. A convivência social encontra-se limitada, causando angústia generalizada. Cantar o amor, como o Pratinha faz, é um lenitivo possível e brando que aquieta o coração e a alma. Estes sentires nobres que o poeta acalanta, nos dão uma visão da perfeição dos afetos contra todas as vicissitudes que ora se apresentam. A primavera chegando é prenúncio de boas novas, esperanças que traz para dizer que o mundo não vai acabar e chegaremos vitoriosos a um patamar de felicidade. Nada é mais construtivo do que o amor. Os poemas que falam de sentimentos sublimados trazem consigo muitas esperanças. Não quer dizer que iremos viver das metáforas que os poemas utilizam para criar a fantasia ou melhor, o fantástico mundo de quem ama e quer, além da sacralização, a realidade física e material das relações humanas e que trazem o prazer entre dois amantes. Pratinha contempla o anseio da realidade e não só de loas ao amor. Vejam bem... ele ensaia com seus textos uma vivência de porvir, retratando o lúdico e o sensual, que anda meio limitado nessa crise. E podemos crer que o poeta antecipa, com seus poemas o gozo livre que será recuperado após o fim da crise. Mas o poeta não é alienado quando canta o amor e sabe que precisamos pisar firme na realidade que nos cerca. Então incluiu uma parte III, falando do contexto que não pode ser ignorado, nas páginas finais. (Luciana Carrero, produtora cultural).