Na condição de educadores, professores e/ou mediadores de aprendizagem, seja qual nomenclatura adotemos, somos sabedores que é por meio de uma educação focada na qualidade e comprometida com a formação humana que nos conduzira a transformação e avanço da nossa sociedade. Sim, pois é esta que determina os formatos das nossas escolas e da nossa forma de atuar no cotidiano da sala de aula das creches às universidades brasileiras. Felizmente ou infelizmente, é assim que o processo educativo acontece e, não somente hoje, mas desde a fundação das nossas primeiras escolas do Brasil na segunda metade do XVI, cuja função sabemos também, não era apenas ensinar os nativos a ler, a escrever, as funções matemáticas, mas ainda, a doutrina católica promovida Companhia de Jesus, ditada por meio do proposta contida na Ratio Studiorum, em 1599. A presente obra, Poéticas do educar: práticas docentes, ensinagens e aprendências em tempos difíceis, organizada por mim, professor José Flávio da Paz, objetivou congregar experiências docentes, pesquisas e demais que promovessem a reflexão para um processo de ensinagens e aprendências para além do espaço físico da escola, mas que a tenha como perspectiva, uma vez que somos, enquanto docentes/pesquisadores agentes de transformação contínua, a começar por nós e nos colegas, alunos e comunidade por consequência das nossas práticas. A Obra está dividida em três sessões a saber: artigos, entrevista e poesias. Os artigos são resultados dos mais variados tipos e métodos de pesquisa, sejam aplicadas, qualitativas, quantitativas, mistas, descritivas, exploratórias e outras mais bem detalhadas na sequência. O artigo A palavra na tessitura da arte - O retorno do filho pródigo de autoria de Ana Teresinha Elicker é uma análise do quadro "O retorno do filho pródigo", de Rembrandt, que representa o desfecho da parábola do filho pródigo e seu retorno humilde à casa paterna. A análise centrou-se na observação detalhada das fendas intrínsecas à significação da tela e recorreu ao texto bíblico para alcançar a interpretação dos sentidos da imagem, tendo por base elementos da semiótica, provenientes dos estudos de Lúcia Santaella, de Roland Barthes e de Robert Jauss. Conclui-se que o texto/imagem se desenvolve como uma rede, cujas tramas prendem o espectador no prazer de decifrar. O segundo trabalho, sob o título Vez e voz na EJA: desafios e possibilidades da atuação docente têm como autores, Cecílio da Silva Júnior e Gueidson Pessoa de Lima que propõe uma discussão sobre os desafios e as possibilidades da atuação docente numa escola regular de Educação de Jovens e Adultos (EJA), do município de Parnamirim/RN. Apoiados nos ditames metodológicos da pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, realizaram uma entrevista, de cunho semiestruturada, com o corpo docente que atua junto às turmas de EJA da escola lócus de pesquisa. Embasados nas concepções teóricas de Arroyo (2011), que entende a EJA como política pública e dever do Estado; Henrique e Baracho (s.d.), quando aponta as dificuldades enfrentadas pelos docentes; e Di Pierro (2005), ao afirmar que a ideia de compensação ainda permeia na educação brasileira, concluímos que essa modalidade de ensino necessita de um olhar diferenciado tanto por parte do poder público quanto daqueles que a promovem, com a finalidade de (re)significar o fazer pedagógico diário, visando contribuir para a formação integral do aluno, através da convergência dos conhecimentos científicos, humanos, tecnológicos e profissionais.