Pode durar o tempo de uma música nos convida a lê-lo como se estivéssemos ouvindo os dois lados de um disco de vinil. No lado A do disco, conhecemos a história de um miserável nas ruas de Belo Horizonte que, movido pelo desejo de ser visto pelas pessoas que cruzavam o seu caminho, inicia uma busca pessoal por identidade e sua própria cidadania. No lado B do disco, acompanhamos a história de um – também solitário – funcionário público, que viveu, há alguns anos, uma experiência pessoal na tentativa de realizar o seu grande amor, que, por ironia do destino, deveria ser mantido em sigilo. Para tanto, ele se vale do artifício de um casamento arranjado. Nas idas e vindas de seus encontros e desencontros, as vidas dos dois homens se cruzam e eles passam a comungar sonhos e desejos, num passo desacertado de dança, mesmo sabendo que, se aquilo fosse mais um desvario, poderia durar apenas o tempo de uma música.