Ao se permitir aventurar em meio às correntezas da memória, o tempo se fragmenta em linhas tortuosas que conectam narrativas do passado e desejos vindouros. Essa é a história de uma jornada visual e emocional, contada não apenas pelas palavras, mas também pelas imagens que a complementam.
Quando um artista se depara com a perda da avó e reflete sobre os vínculos formados e aqueles que se transformam com o tempo, surge o gatilho para uma viagem que se inicia em busca da própria identidade.
Estas páginas, ao mesmo tempo em que expõem o trabalho poético do artista-pesquisador, revelam a efemeridade do tempo, a transitoriedade da memória e a busca incessante por significado em meio ao caos do mundo. A narrativa nos leva à poética gaveta de uma avó ausente, ao espelho que surge no final da última xícara de café e à procura por um broche que se perdeu.
Como fios, a trama se desenrola ao mesmo tempo que revela um segredo que o narrador deixa escapar aos poucos. Os espaços abandonados se tornam protagonistas e os objetos solitários que habitam esses lugares ganham vida própria. Como quem abarca a água com as mãos na tentativa de cristalizar o que escorre pelos dedos, Perdas e Acúmulos traz por meio do acervo familiar uma reflexão profunda sobre os momentos preciosos que são guardados no íntimo.