Segundo José Saramago "a viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam." Este livro se ocupa de impedir que as experiências de viajantes caiam no esquecimento. Constitui também uma evidência de como se constrói e consolida uma linha de investigação acadêmica ao largo de quase um quarto de século. Neste caso se trata de uma linha associada à história cultural da educação e à biografia de educadoras e educadores.
Os textos que aqui se apresentam constituem um resumo de esforços de investigações de doutorado e mestrado, para postular um título, são uma espécie de textos para um ritual de passagem. São também um testemunho claro do diálogo que a professora Ana Chrystina Mignot tem tecido, por décadas, com jovens investigadores do campo da educação sobre as subjetivações e o impulso do potencial das viagens pedagógicas, assim como o impacto das mesmas nas ideias que inspiraram destacadas educadoras e educadores brasileiros viajantes. Os textos e as teses, constituem uma grande contribuição à história da educação, particularmente na América Latina, sendo o Brasil destacado nesta linha de investigação.
Existe ademais uma outra memória para a qual esta obra contribui: se trata do que sucede neste processo de acompanhar a outros na viagem de aprender a fazer investigação, fenômeno pedagógico que talvez não seja tão visível. Neste caso, encontramos aqui a história da mestra e de sua atividade constante com seus estudantes, para o encontro de novas perguntas, fontes e metodologias, cuidando dos bordados intangíveis de emoções e afetos, que compõem os modos de acompanhamento dos novos pesquisadores. Por tudo isto, se trata de um livro que aponta complexas travessias e enuncia novas rotas por explorar.
Oresta López Pérez
Professora-pesquisadora titular do El Colegio de San Luis
San Luis Potosi, México