"Todo texto tem muito do leitor, pois, como disse Chartier (1999), cada um se apropria do que lê e produz significados, dando sentido ao que é lido. Logo, a relação de texto e leitor é de apropriação, de entrelaçamento, entre quem lê e o que lê." O trecho em destaque evidencia que ao tomar a narrativa dos colaboradores da pesquisa e suas leituras de si como centralidade, esse livro convida os leitores para que também se leiam, reconhecendo que o leitor não é um mero receptor do texto, mas sim um produtor de sentidos. Nessa perspectiva, caminhemos com as juventudes rurais, a partir das suas experiências, anseios, modos de ser, de viver, de aprender e de ler. Triangulando três temáticas centrais: as juventudes rurais, suas práticas de leitura e o rito de passagem escola rural/urbana, esta obra busca se configurar como uma contribuição para o debate contemporâneo sobre ruralidades e práticas pedagógicas para os sujeitos que vivem nesses contextos, problematizando questões relacionadas à condição de exclusão das juventudes que residem nestas áreas. O livro apresenta estudo pautado nos princípios epistemológicos da pesquisa (auto)biográfica, com ênfase nos relatos e fotografias dos estudantes, inaugurando um novo modo de pesquisar - as oficinas foto(auto)narrativas - dispositivo que entrelaça textos e imagens e coloca os participantes da pesquisa como leitores, protagonistas e autores das suas trajetórias.