Em 1952, um casal de rudes sertanejos trouxe Pedro ao mundo. Moravam na região agreste do Seridó, no inóspito sertão nordestino. Terra malvista e profetizada pela ciência a virar deserto um dia. Lá crescia também o mandacaru, planta heroína dentro do grande braseiro, e Pedro gostou dela; gostou de sua capacidade de reter água no corpo, em confronto com os castigos que recebia do clima inclemente. Ela se tornou um milagre, um símbolo que Pedro tomou para si. Tanto apregoou sua admiração pela planta que, um dia, os raros amigos de Pedro juntaram o nome do cacto ao nome do garoto. E, na agrura com que a natureza e o destino o fustigavam com suas provações, Pedro percebeu que, enquanto o mandacaru tinha raízes, ele tinha pernas. Então, para as grandes provações do sertão e do destino, Pedro pôs-se a caminho, conquistando esperanças.