Em outubro de 2020, o estado do Paraná, em meio à pandemia do Coronavírus, iniciou o maior processo de militarização de escolas públicas estaduais do país. O programa, criado por meio da Lei Estadual n.º 20.338/2020, incorporou militares e a cultura militar nas escolas. Inicialmente, ele foi baseado no Programa Escolas Cívico-Militares (Pecim) do Governo Federal, mas adquiriu características próprias e representou mudanças significativas em todas as dimensões que estruturam o trabalho pedagógico no ambiente escolar, como a gestão, o currículo, a prática docente, as relações interpessoais e a divisão dos espaços e tempos escolares. O livro Pedagogia do quartel: formação de corpos dóceis nas escolas cívico-militares no estado do Paraná analisa, de forma profunda, os motivos pelos quais o governador do estado do Paraná militarizou um número tão significativo de escolas públicas ao mesmo tempo e mostra o posicionamento de diferentes agentes formuladores dessa política, desvelando especialmente as narrativas utilizadas pelos deputados conservadores em defesa da construção do programa. O livro apresenta também a denúncia do projeto formativo estabelecido nesse modelo educativo, o qual fere direitos e tenta padronizar mentes e corpos, a partir de práticas de disciplinamento e de padronização de condutas dos estudantes.