Manoel Francisco do Amaral estudou a proposta curricular do estado de São Paulo, no campo do ensino da filosofia, e produziu uma interpretação singular e propositiva sobre o embate entre as matrizes de cunho neoliberal que, centradas na hegemonia do neoprodutivismo educacional, permeavam os marcos regulatórios no período de 1996-2006 e as possíveis contribuições inspiradas na pedagogia histórico-crítica. Sua obra resgata as origens e os fundamentos epistemológicos e políticos dessa pedagogia e de seus principais representantes, interlocutores e destacados intérpretes no cenário educacional recente. A questão do ensino da filosofia como reflexão sobre a condição humana, subjetiva e social é marcante na escrita e no pensamento de Manoel Francisco do Amaral, demonstrando intenso conhecimento e pleno domínio das categorias do pensamento crítico-dialético e de suas matriciais estruturas analíticas e interpretativas. Estamos buscando superar o ideário neoliberal na educação e no campo da filosofia e de seu ensino, atualmente questionados pelo avanço de uma maneira de entender a escola, a filosofia e a prática social como um horizonte de exercícios do direito à aprendizagem e à plena participação social e política. Esse giro político em curso, empreendido por movimentos da sociedade, pelo empoderamento de novos sujeitos sociais e pelo reconhecimento de novos direitos civis, encontra eco e proeminência na obra do autor. [César Nunes]