Paulo Freire é um desses homens de verdes orelhas. Um adulto que não deixou morrer a sua "meninice" e, justamente por isso, nunca deixou de se inquietar com as "coisas" do mundo, de perguntar e perguntar-se, de sonhar, de amar, de acreditar na alegria e de encantar-se.
Suas verdes orelhas levaram-no a muitas andarilhagens, o que o tornou mundialmente conhecido. Homenageado em inúmeras universidades brasileiras e estrangeiras, é o educador que mais recebeu títulos honoris causa. Seu livro Pedagogia do Oprimido é a terceira obra mais citada na área de humanidades no mundo, segundo Elliot Green, professor da London School of Economics. Sua obra é estudada em diversos centros educacionais nacionais e internacionais.
Educador pernambucano e patrono da educação brasileira, Paulo Freire denunciou as várias formas de opressão pelas quais estão submetidas as classes populares, mas também àquelas que, para além das condições de classe, ocorrem nos diversos contextos da relação humana. Contudo, não se fixou apenas na denúncia, mas, dialética e amorosamente, anunciou a possibilidade de uma Educação como Prática de Liberdade. Isso, é claro, incomodou e continua incomodando as elites brasileiras e igualmente aquelas pessoas que, mesmo não pertencendo aos estratos da elite, hospedam e reproduzem os valores opressores das classes dominantes. Daí, os duros ataques que ele e sua obra vêm sofrendo no momento atual