A ideia central dessa obra é analisar como o regime ditatorial buscou a partir de um evento passageiro, uma efeméride, reafirmar a perenidade de um projeto de nação que deixou de fora boa parte da população. Para isso, foi fundamental entender como a imprensa escrita divulgou a ideia de nação do governo ditatorial durante os festejos do Sesquicentenário da Independência, ocorridos entre os dias 21 de abril e 7 setembro de 1972. Também aborda como esses veículos midiáticos serviram de suporte para obras históricas que carregavam, na maioria das vezes, essa mesma maneira de compreender a identidade brasileira.
Desse modo, convido os leitores a refletir como as festas cívicas foram e são importantes para a formação da nação. Elas são parte de um projeto específico que se realiza mediante a criação de rituais, que têm como finalidade definir, por meio de estratégias, a legitimação desse mesmo projeto. Nesse sentido, o caso brasileiro não foge à regra, pois essas efemérides têm a intenção de criar uma identidade comum entre os diversos segmentos que constituem a população do vasto território nacional. Este momento foi moldado com muito esmero pelas elites políticas para se tornar o marco de fundação da nação brasileira, devendo ser comemorado todo ano.