Existe ali a mistura agridoce da língua das ruas com a dinâmica da norma culta, o que certas vezes soa incomum, sem nunca parecer desprovido de sentido. Os ParaLéxicos são colóquios desenxabidos, despudoradamente simples como eram os poemas clássicos dos mestres orientais, talvez uma mistura de haikai com ópera, trafegando entre melismas com a desenvoltura de um repente nórdico, ou coisa parecida. O autor acertou na mosca, recortando frases certeiras, talhadas na minúcia de quem quer fingir que nem viu: desenhou sem enxergar, traçou sem pontilhar, acertou sem fazer mira. E seguiu lançando flechas e olhando para o outro lado, dissimulado, acertando quase todas.