Já os tinha graça minhas idas e vindas com Paulo, e eu me senti verdadeiramente órfã quando Márcia engravidou. Depois de tanto tempo eu achei que já havia perdoado meu pai , depois de tudo que fiz e dele haver me perdoado também, mas não o perdoei. Ele queria curtir aquela gestação, acompanhar consultas ao obstetra, ultrassonografias, enxoval do bebe, passar mais tempo com ela...e eu queria que ele se sentisse culpado cada vez que olhasse para aquela barriga e em parte eu estava conseguindo. Márcia passava mais tempo no escritório que antes, o clima em casa estava péssimo, e eu trabalhava arduamente para piorar tudo. Minha parte boazinha estava adormecida e esta era a milésima vez que eu e Paulo estávamos dando um tempo (ou seja, como sempre ele pedira outro tempo). Lá no fundo eu sabia que Paulo só estava brincando comigo enquanto não achava nada mais interessante e eu também estava de alguma forma brincando com ele. Brincando de querer parar o tempo na adolescência... Até que apareceu alguém... Alguém por quem me apaixonei perdidamente, alguém que estava a procura de uma mulher e eu ainda estava internamente atrasada e sabia que ele não esperaria eu sair do casulo e resolver minhas birras com meu pai ou minha paixão platônica de infância por Paulo e sabia que ia perder, porque este "não", veio de alguém que eu não podia contestar...