Como prefaciado pela performer e artista-pesquisadora Tania Alice: nesta pesquisa, que representa uma importante contribuição para o campo dos estudos da performance no Brasil, conjugando questões artísticas, políticas e sociais, Ana Paula atravessa o Rio de Janeiro com o coração aberto para criar com o outro, sempre a partir da escuta e do encontro, para furar os muros invisíveis edificados pela desigualdade e sua manutenção como programa político. O afeto, no caso dessa artista-pesquisadora, não é objetivo: é método, é caminhar, é abertura cotidiana dentro de um desejo profundo de se entender neste mundo profundamente desigual que é o Brasil contemporâneo para, a partir desse entendimento, tentar transformá-lo.
Ana Paula, em seu trabalho, não parte com uma proposta pré-estabelecida ou de algo previamente planejado, mas se abre ao risco do encontro e, a partir dele, produz potências. E é justamente a descrição desse esmiuçar da capacidade de gerar potência a partir do encontro que faz do livro uma experiência de leitura extremamente enriquecedora para artistas e professora/es, pois nos propõe um passeio compartilhado pelos territórios do sensível, mostrando como é possível regá-los. A partir do caminhar físico e virtual da performer, descobrimos os encontros e seus desdobramentos artísticos e, assim, vamos ao encontro de artistas como Fael, um jovem artista negro e periférico, que, junto a Ana Paula, estabelece o mapa afetivo da cidade, capa deste livro.