Publicada em 1859, Para a crítica da economia política é a primeira tentativa de Marx de publicar de maneira sistemática sua crítica da economia política. Trata-se da única obra que efetivamente veio à luz numa série prevista de seis livros. Oito anos depois, remodelado o projeto inicial, a concepção ganharia corpo na principal obra do autor, O capital, publicada em 1867. Para a crítica delineia os conceitos equivalentes ao que depois comporia a Seção I da obra-prima do filósofo alemão.
No célebre prefácio da obra, Marx narra sua trajetória intelectual e os caminhos que o levaram a produzir seu empreendimento crítico: "O resultado geral a que cheguei [...] pode ser resumido nos seguintes termos: na produção social de sua vida, os humanos estabelecem relações bem determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado estágio do desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real, sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política, à qual correspondem certas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo social, político e intelectual da vida em geral. Não é a consciência dos humanos que determina seu ser, mas o inverso: é seu ser social que determina sua consciência".
Esta edição inclui também o "Urtext", ou "Texto original", um manuscrito preliminar, no qual uma série de raciocínios, depois suprimidos ou encurtados, podem ser acompanhados em detalhes. Trata-se de um escrito decisivo para uma compreensão mais aprofundada dos problemas da dialética marxiana, que exerce ainda hoje grande influência em algumas das tentativas mais profícuas de interpretação e reinterpretação da obra de Marx e, especialmente, do seu projeto de uma crítica da economia política.
Traduzido pelo especialista Nélio Schneider, Para a crítica da economia política é o 34º volume da coleção Marx-Engels e conta com apresentação escrita por Jorge Grespan. Para ele, o livro é uma oportunidade de o leitor encontrar a chave para a interpretação do estratégico começo da crítica de Marx ao capitalismo. Todas as obras da coleção contam com novas traduções feitas diretamente do alemão e um aparato editorial que faz de seus livros uma referência para todos os interessados na obra marxiana.