Em "Papéis velhos", Machado de Assis retrata Brotero, deputado do século XIX que, após ser ignorado na escolha para o cargo de ministro, se vê tomado pela frustração e pelo desencanto. Para distrair-se, recorre a antigos documentos guardados, páginas que trazem de volta momentos que um dia pareceram grandiosos em sua trajetória.
O reencontro com essas lembranças, porém, apenas revela a distância entre a glória sonhada e a realidade presente: o que foi motivo de orgulho agora não passa de vestígio apagado pelo tempo. Com ironia sutil, Machado transforma o gesto trivial de revisitar papéis em reflexão sobre a efemeridade das ambições políticas e a fragilidade das conquistas humanas diante do esquecimento.