O texto é um espaço. E nele aqui apresento algumas reflexões ou experimentações sobre leituras produzidas aqui e ali, garimpando autores em meio as pesquisas que escolhemos fazer e também aquelas que nos escolhem. Ao escrever sobre "leituras produzidas" me vem a mente aquela concepção do Michel de Certeau, segundo a qual o leitor é também um produtor. Concepção fascinante, pois nos faz ver – habilidade dos videntes! – o imenso investimento que a leitura exige e sua respectiva produção silenciosa. Mas o que se produz? Este livro é uma tentativa de mostrar uma produção a partir da leitura, algo que se prolifera e que é da ordem de um encantamento. Esses encantamentos se dão na solidão de um escritório ou quarto escuro, mas são solidões povoadas, talvez como pensava Deleuze a partir de Nietzsche. Solidão povoada, encontros, potências que podem ser realizadas nas leituras e suas produções. Há todo um universo em um texto, mas o que aqui produzo é apenas uma partícula, um linha puxada entre milhares de outras linhas que poderiam ser solicitadas. Aqui reafirmo as paixões que os autores nos agenciam e povoam nossas noites solitárias diante de uma tela de computador. Creio que com esses autores formo o meu bando, e isso me parece bom, porque "é por debandada que as coisas progridem e os signos proliferam".