Do autor acusado de atear fogo a São Petersburgo, o romance que projetou a literatura
russa no ocidente, traduzido direto do russo por Lucas Simone
Estátuas, cofres e paredes pintadas decoram a pacífica propriedade rural de Arkádi. A
chegada de seu amigo Bazárov, no entanto, faz subir a poeira dos velhos tapetes e revela o
mofo que domina o discurso dos parentes mais velhos. Primeiro personagem niilista da
literatura, Bazárov rejeita qualquer tipo de autoridade e não tem medo de confrontar os
hábitos e pensamentos de seus anfitriões. Este encontro entre uma geração romântica e
idealista e outra combativa, que já não se alimenta de ilusões perdidas, é o que dá vida a um
dos maiores romances da literatura russa.
Publicado em 1862, este romance uniu-se à linhagem de obras incendiárias de
Turguêniev. Quase dez anos depois de influenciar o movimento de emancipação dos servos
com Memórias de um caçador, Pais e filhos surge no contexto turbulento de ascensão do
movimento democrático revolucionário na Rússia. Devido ao caráter revolucionário de sua
obra, Turguêniev foi acusado de inspirar os incêndios que, à época, tomaram conta de São
Petersburgo.
A edição da Antofágica conta com mais de 90 ilustrações de William Galdino, e a
tradução, direta do russo, é de Lucas Simone. Juliana Cunha, doutoranda em Teoria Literária
pela USP, escreve uma apresentação sobre sua experiência com a leitura do livro. A
psicanalista Ana Suy assina um posfácio sobre os desafios das relações intergeracionais, e a
escritora Martha Batalha tece um ensaio posicionando Pais e filhos em um contexto mais
amplo da literatura russa. Fátima Bianchi, professora de Língua e Literatura da FFLCH-USP,
nos oferece um panorama da vida e da obra de Ivan Turguêniev.
O QR Code na cinta direciona a duas videoaulas disponíveis no YouTube com Raquel
Toledo, mestre em Literatura Russa pela USP.