O livro Páginas perversas: narrativas brasileiras esquecidas traz ao público leitor 12 escritores brasileiros que, por diferentes razões, tiveram reconhecimento em seu tempo, mas que foram sendo esquecidos pela historiografia literária. Esses autores tiveram progressivamente seus nomes apagados de antologias e algumas de suas obras deixaram de merecer uma republicação. Os organizadores da obra consideram que revisitar uma história literária baseada em arquivos abandonados nas bibliotecas, retomando as obras "fora de uso" – ou aquelas que aparecem como "desagradáveis" ?, pode trazer uma contribuição efetivamente importante para enriquecer e compreender melhor o acervo literário brasileiro, ensejando a possibilidade de desdobramento em novas pesquisas e novas descobertas. Aqui se encontram reunidas algumas narrativas curtas, representativas da literatura brasileira de meados do século XIX e dos primeiros anos do século XX, selecionadas pelo critério de suas "afinidades temáticas". Os autores trazem à tona contos surpreendentes, forjados por uma visão de mundo sombria, que dá vida a uma galeria de personagens perturbadas e perturbadoras, sobrevivendo em locais, em alguma medida, inóspitos – a floresta, a cidade, o sertão ou simplesmente um ambiente doméstico violento. Vemos, então, desfilar uma série de histórias com variadas encarnações do Mal: a violência, o crime, a vingança, a feitiçaria, o sexo, a doença e a morte. Contrariando a importância dada ao caráter documental da literatura e às formas literárias realistas que dominam o panorama literário brasileiro do período, essas páginas perversas revelam um lado lunar que subverte, de um modo ou de outro, a predominância do belo, mostrando aqui o trágico, o sublime terrível, o grotesco, o horror artístico e o melodramático.