Ouvintes falantes: produção e recepção dos programas jornalísticos no rádio AM é um livro sobre a palavra falada em movimento, circulando entre apresentadores, fontes, reportagem e uma vasta audiência ativa, barulhenta, especializada em participar ao vivo das transmissões. Os assuntos de interesse público abordados nos programas, com a ampla participação dos ouvintes, fazem do rádio a ágora eletrônica.
Escrito em linguagem acessível aos estudantes, docentes e pesquisadores de Comunicação Social e áreas afins, bem como para os apaixonados por rádio, o livro tem fundamentos na Economia Política da Comunicação e nos Estudos Culturais latino-americanos, com o principal aporte da Teoria das Mediações de Jesus Martín-Barbero.
Os ouvintes aparecem neste livro contando as suas histórias sobre o encontro com o rádio, o significado e a importância desse meio de comunicação, as motivações para participar dos programas, os temas preferidos nas suas abordagens e como analisam a postura dos apresentadores.
Eles discorrem ainda sobre o sentido incorporado pelo rádio quando participam dos programas: púlpito, parlamento, fórum, praça, tribunal, promotoria, lugar de administração ou gestão, alto-falante, gabinete e palanque. Assim, os ouvintes ocupam variados papeis informais: juiz, promotor, parlamentar, mediador, ativista, analista de conjuntura, político, bajulador, palpiteiro, conselheiro e até gestor.
Mas a prática cultural da audiência ocorre atravessada pelas relações de poder presentes no domínio dos meios de comunicação. Assim, a obra permite navegar pelo ativismo da audiência mediada pelos filtros e controles editoriais das empresas e/ou grupos políticos proprietários das emissoras.
No percurso das novas transformações do contexto radiofônico, decorrentes da migração do AM para o FM e a introdução das tecnologias digitais, vale a pena revisar o conceito da praça pública na Grécia atualizado na ágora eletrônica e perceber a função social do rádio costurando os sentidos da cidade.