O livro revela como Arthur Fleck, interpretado magistralmente por Joaquin Phoenix, navega por uma sociedade desigual e indiferente às suas dores, destacando a psicanálise como ferramenta para compreender suas reações e mecanismos de defesa. A obra esmiúça a relação entre o riso patológico de Arthur e seu contexto social e familiar, mostrando a maneira que o riso se configura como um escudo contra o infortúnio de sua existência. O estudo se aprofunda na tragédia pessoal de Arthur, abordando o conceito de catarse como um momento de ruptura e revelação. As transformações do personagem, suas decisões e ações são dissecadas sob a luz da falta de assistência psicológica adequada e da moralidade distorcida que regem a ficção de Gotham, refletindo críticas sociais relevantes à realidade contemporânea.
A dissertação fala sobre o humor e o chiste freudiano como formas de enfrentamento à tragédia da vida. Arthur utiliza o humor como uma arma e um escudo, numa tentativa de forjar conexões em um mundo que o exclui constantemente. Esta análise revela a profundidade do humor no filme, não como mera comédia, mas como um reflexo da luta interna de Arthur contra a marginalização e a insanidade.
A obra, de maneira geral, oferece uma leitura psicanalítica profunda do filme Coringa, expondo as camadas de complexidade de seu protagonista e as implicações sociais de sua jornada. Por meio de uma análise criteriosa, o autor fornece insights valiosos sobre a interseção entre psicanálise, sociedade e cultura pop, destacando o filme não apenas como entretenimento, mas como um comentário pertinente sobre as falhas e os desafios do cuidado em saúde mental e da moralidade nas sociedades modernas. Portanto, demonstrando habilidade em transitar entre a psicanálise, a crítica cinematográfica e as ciências sociais, o trabalho ressalta a interdisciplinaridade como essencial para a compreensão de características culturais complexas.
Com uma linguagem acessível e empática, Ronan Valente da Rosa cativa os leitores, guiando-os em uma jornada de autoconhecimento e autocuidado. Seu compromisso com a promoção da saúde mental e a redução do estigma em torno das doenças mentais torna seu trabalho tanto informativo quanto transformador. Traz a dualidade de um personagem fictício, mas que todo o esquema de saúde mental implantado na obra se diz muito a respeito da realidade. Pois, de fato, o que é loucura? O que é ser louco?