É fato que o pai do protagonista, cujo conto empresta título ao livro, deixou a vida sem se desligar das coisas terrenas. Que no texto Mentor, o Farmacêutico-bioquímico (depois de hospedar anos de muita feiura na boêmia nascida de desilusão matrimonial) também partiu embalado em acordes de violão, fumaça, noitadas e doses homéricas. E que em matéria de dizer adeus à vida, tem mais quatro textos: O Retorno, Cicatrizes, Tragédia e O Apelo. Mas Os Mortos de Olegário vai muito além: os outros 24 contos são eivados de leveza, ironia, irreverência e bom humor – e isso ajuda o leitor a esquecer um pouco as más notícia e aflições da Pandemia e outras agruras da vida. Em Vai Vadia!, por exemplo, é admirável o gosto da gata Cavilosa e seu filho Cabuloso pela orgia; no conto, o leitor descobrirá porque Leocádia entregou o ex-namorado Pachequinho à injustiça do Meritíssimo Juiz de Direito Dr. Braz, ao negociar com o também candidato a vereador Egídio, fotos suas em desacordo com o decoro parlamentar…