O jornalista e sociólogo italiano Francesco Alberoni é reconhecido internacionalmente como um dos maiores especialistas na área dos desejos humanos, particularmente o amor, o enamoramento e o erotismo. E se dedicou a explorar os diversos aspectos destes sentimentos, mostrando os resultados em ensaios teóricos como Enamoramento e amor, A amizade, Lições de amor, e outros publicados a partir do final da década de 70. Depois de se aprofundar no assunto em seus ensaios, Alberoni resolveu então falar sobre sexo e amor através da ficção: Os diálogos dos amantes é um romance que sintetiza sua extensa pesquisa sobre os caminhos dos desejos humanos.
A história desenvolve-se no futuro, mas se refere à situação do mundo contemporâneo pós-moderno no qual se busca o sexo promíscuo, a homossexualidade, a bissexualidade, o esquecimento de si na coletividade e nas drogas. Neste contexto, não se acredita mais que o enamoramento seja o caminho pra alcançar um profundo entrosamento espiritual e a experiência de uma sexualidade plena. Sakúntala e Rogan, frutos da manipulação genética, nascem neste ambiente que dificulta o conhecimento de seus reais desejos. Não sabem quem realmente são e se confrontam com os mistérios da sexualidade.
O leitor se encanta e se identifica com o encontro dos jovens amantes que se confessam numa total e absoluta confiança recíproca. Através da experiência relatada, acompanhamos Sakúntala e Rogan redescobrindo seus corpos, a beleza e o prazer que conseguem se proporcionar e que se transforma em êxtase e prazer totais.
Em Os diálogos dos amantes, Alberoni se dirige a uma geração que já concluiu a revolução sexual e feminista, mas que se esqueceu do sentido do enamoramento individual. Esta geração também perdeu suas referências, na medida em que se envolveu com experiências sexuais superficiais e artificiais. Sakúntala e Rogan são exemplos de que é possível enamorar-se e que encontrar a plena felicidade a dois é um sonho a ser conquistado.