- Mobunga! Mobunga! Mobunga! Carlos ainda estava consciente após a brincadeira com Fernanda, quando ouviu o ressoar dos tantãs e das vozes chamando pela personagem Mobunga. O som era tribal. Como se partisse de dentro da mata, em alguma sessão de magia ou de bruxaria. Olhou em volta, sem se mexer. Claro, não temia nada ali dentro do quarto, na ilha. Sabia que se houvesse qualquer perigo Aílton já o teria avisado. Mas tudo permanecia quieto, inerte para ser mais exato, com exceção do som das vozes e dos tantãs. Resolveu percorrer a mansão pelos caminhos secretos, de onde poderia ver o que qualquer um que estivesse dentro da parte normal da casa não veria. Ao se mexer, Fernanda segurou-lhe a mão sussurrando mais que perguntando aonde iria. Ele a beijou nos lábios sugerindo que continuasse dormindo e sentou na beira da cama King Size. Agora sim. Estava acordado realmente, e continuava a ouvir os sons de vozes e dos tantãs. Apurando os sentidos, sentiu o cheiro da mata e uma respiração mais densa que não era a sua ou a de Fernanda, que nesse ínterim também já estava acordada e com a pistolinha na mão, olhando disfarçadamente à volta. - Temos companhia – disse Carlos quase inaudível, aparentando calma, e no mesmo tempo que deslizava a mão sobre os lençóis e tocava a coronha da arma sob o travesseiro. - Eu já localizei pelo menos três à nossa volta. Não estão em posição beligerante. Sugiro aguardarmos dizerem o que esperam de nós. Está visível que vieram em missão de paz. Sinta o odor. São índios.